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Encantados

A mulher da capa preta por Hebert Loureiro

 

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(Ilustração por Herbert Loureiro para o Bê-a-bá do Brasis.)

 

A Mulher da Capa Preta: A Mulher da Capa Preta é uma lenda que permeia o imaginário urbano de Maceió há muitas décadas. É uma sensação estranha ter uma história de acontecimentos do além tão próximos da vida real da cidade e isso cria uma enorme curiosidade para descobrir se aquilo aconteceu ou não. São várias as versões dessa história e talvez a que faça mais faz sentido – se é que isso é possível –  é aquela que narra um baile de carnaval de muito antigamente, onde um rapaz conheceu uma moça, Carolina, e eles não se desgrudaram durante toda a noite. Lá pelas tantas, veio o aviso de que a garota precisaria deixar a festa porque já estava muito tarde e a mãe não gostava da ideia de a filha andar pela rua à noite.

 

O rapaz então ofereceu uma carona de lambreta e, como chovia muito, ofereceu também a capa que usava em sua fantasia. Carolina explicou que morava perto do cemitério Nossa Senhora da Piedade, no bairro do Prado, e pediu ao rapaz que a deixasse na esquina do campo-santo para evitar problemas com a mãe ciumenta. Do encontro, restou o endereço da moça, para que no dia seguinte o rapaz buscasse a capa preta.

 

No outro dia, ao retornar a casa e chamar por Carolina, uma senhora atende a porta. Ao perguntar pela garota que conhecera na noite anterior, ela explica que a mulher com aquele nome, naquele endereço era sua filha e que estava morta há muitos anos, enterrada ali mesmo no cemitério próximo à casa. O rapaz fica incrédulo e a mãe de Carolina decide levá-lo até o jazido de sua filha. Ao chegarem no local, para a surpresa dos dois, encontram a capa preta estendida sobre o túmulo.

 

Atualmente, no cemitério do Prado há uma capa esculpida em granito sobre a lápide de uma Carolina com nome, sobrenome e data de morte: a Mulher da Capa Preta.

 

A Mulher da Capa Preta por Herbert Loureiro: Ilustrador e designer alagoano, desde bem pequeno sente um encantamento pelos folguedos e festejos populares, pela música e toda a profusão de elementos coloridos que fazem parte dessas manifestações. Desse universo vieram inspirações, cores, leveza e humor para seus desenhos, verdadeiros bailes gráficos. Contudo, foi nos últimos anos que o interesse pela cultura alagoana aumentou e o cativou de vez, quando percebeu que ao mesmo tempo que essas manifestações parecem fantásticas, deslocadas do cotidiano, elas falam sobre coisas que estão presentes no dia-a-dia e misturadas a sua memória e ao imaginário da própria cidade. Da investigação sobre as manifestações folclóricas de Alagoas vieram uma exposição e um projeto de conclusão de curso na Universidade Federal de Alagoas ambos intitulados Caravana, um registro gráfico dos folguedos alagoanos em vigência. Conheça mais o seu trabalho.

 

Comentários

  1. Maíra Almeida disse:

    Realmente um marco de lendas urbanas de Maceió!!
    Muito bom o projeto de trazer a tona as histórias da cultura brasileira!

    Parabéns!

  2. Fernando Barbosa disse:

    Escrita primorosa!Temática fascinante.

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