Brasis. As traduções da cultura cotidiana do Brasil.

BRASIS. CULTURAS E COTIDIANOS DO BRASIL.

O Brasil por Suann Medeiros

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(Suann Medeiros. Foto Luara Olívia.)

 

É provável que Suann só leia esta matéria uns dois dias depois da data de publicação. Isso porque essa menina sorridente sabe o que é prioridade na vida e hoje, minha gente, é véspera de São João! Nessa festa que é uma de suas preferidas, a flor-de-macaxeira do Brasis se envolve dias na arrumação: enfeita a casa com os pais, escolhe com calma os vestidos, busca os amigos nas cidades vizinhas e, temos certeza, prepara com calma algumas das melhores seleções musicais pra botar a saia pra rodar. Anarriê, olhe pro céu e Viva São João!, Suann. Que nada é mais importante que você continuar mostrando a felicidade genuína de teus Brasis.

 

(As fotos que Suann fazia e compartilhava eram um convite a conhecê-la: quem é a menina que sabe tanto sobre o cotidiano de um Pernambuco que vai do Ser Tão à capital? O primeiro abraço já mostrou a sinceridade e espontaneidade sertaneja. Alguns dias em imersão pelo Maracatu de Pernambuco, muitas conversas, pão com mortadela no Mercado Municipal de São Paulo, ouvir Zé Manoel cantar… Foi por pessoas como Suann que entendi que mais vale abrir um espaço para conversar – juntas – sobre Brasis. É com mulheres como Suann que eu tenho orgulho de ser (tão) sertaneja. E é por fazer Mutirão com gente assim que eu fico bem feliz por ter iniciado este projeto! Obrigada, flor… de macaxeira.)

 

Brasis: Onde você nasceu e passou a sua infância?

 

Suann Medeiros: Nasci no Recife, em Pernambuco, e fui logo-logo para Jatobá, no Sertão pernambucano, onde morei até os meus 15 anos. Minha infância foi uma delícia! Andar descalça, comer fruta do pé, brincar na rua, ver o céu estrelado, brincar na terra, tomar banho de mangueira, de rio, na praça da cidade… não posso reclamar.

 

Brasis: O que você leva contigo desses lugares?

 

Suann Medeiros: Levo sentimentos bons dos amigos, eternos, que fiz por lá. Lembranças dos momentos que passei, de conversa com o vizinho na calçada toda noite, brincar na rua quando faltava energia, dos desfiles de 7 de setembro na cidade, das lindas noites de São João (por falar nisso, nunca vou me esquecer do São João que passei na beira do rio São Francisco!).

 

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(Foto Suann Medeiros.)

 

Brasis: O que você acha que não sabemos e deveríamos saber sobre esses lugares?

 

Suann Medeiros: Que o Sertão não é o que passa na televisão. Levei muitos amigos da capital para o Sertão e quase todos levaram um susto quando viram os matinhos verdes, as ruas calçadas. Foi engraçado ver a reação deles, alguns amigos ficaram com vontade de morar por lá.

 

Brasis: Conte um pouco sobre o seu cotidiano em Recife. O que você faz, quais lugares frequenta e como esses lugares te inspiram?

 

Suann Medeiros: Como voltei a estudar, meu cotidiano é a faculdade. Como estou tendo essa oportunidade de estudar Fotografia, na Universidade Católica de Pernambuco, todo tempo livre que tenho estou na biblioteca lendo os livros. Como resido no Centro, eu ando bastante a pé pela região que tanto gosto. Vou aos supermercados, à feira livre, ao mercado da Boa Vista (lugar que gosto muito e é super perto da minha casa). Andar por Recife me faz muito bem. Observar as pessoas me faz muito bem. E é meu cotidiano, meu Sertão que me inspira a fotografar. Não saio sem minha câmera na bolsa. Criei esse hábito, mesmo que ainda fotografe muito com o celular.

 

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(Foto Suann Medeiros.)

 

Brasis: Como é o teu trabalho e estudo? O que faz teu olho brilhar e te motiva a produzir?

 

Suann Medeiros: Meu trabalho é minha vida. Viver é trabalhar. Viver é amar. Viver é o que faço. Eu não sei separar as coisas. Meu trabalho é, cada vez mais, pesquisar sobre a cultura do Brasil – é engraçado que quanto mais pesquiso, menos eu sei sobre o país. É tanta coisa linda e arretada que eu fico sem palavras. Uma das coisas que faço muito, durante minhas pesquisas, é conversar e conhecer gente. Isso me fascina. Gente é fascinante. Sentar (seja lá onde for), tomar um café e tagarelar sobre a vida… me diz se tem coisa melhor? São essas pessoas, histórias que fazem meus olhos brilharem e me motivam cada vez mais a continuar nesse mundão maluco.

 

Brasis: #oRecifepormim, #oBrasilpormim, #seresbrilhantes, #fotografeamor, #musicoteca, #osBrasis: o que esses projetos representam para você?

 

Suann Medeiros: Esses projetos é que me representam. É com eles e através deles que eu compartilho o que vejo, sinto, fotografo e ouço.

 

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(Foto da série #oBrasilpormim por Suann Medeiros.)

 

Brasis: Escolha uma imagem do #oBrasilpormim que transmita uma característica que você vê no nosso país. Por que você escolheu essa imagem e qual é a história dessa foto?

 

Suann Medeiros: Escolhi essa fotografia porque retrata bem o nosso olhar sertanejo-brasileiro. Dizem que as melhores fotos são as não-programadas, essa nasceu assim. Esse retrato foi feito dentro do carro a caminho da sede do grupo de Maracatu Cambinda Brasileira, em Nazaré da Mata, Pernambuco. Eu estava ao lado desse moço e tagarelando com ele. Do nada, peguei a câmera e apertei o disparador. Na hora nem olhei se tinha ficado boa, continuei a conversa. Depois foi que vi: peguei direitinho o olhar sereno dele.

 

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(Foto Suann Medeiros.)

 

Brasis pergunta, Suann responde:

 

Uma palavra brasileira:

Danousse!

Uma rua no Brasil:

Rua da Saudade, no Recife.

Um ser brilhante brasileiro:

Painho.

Um lugar para encontrar um belo ponto de vista do Brasil:

Farol da Barra, Salvador.

Um fotógrafo que te mostra um Brasil que você adora ver:

Tiago Santana.

 

Comentários

  1. Breno Borba disse:

    simplesmente fantástico!
    Parabéns Suann.

  2. Gleide Morais disse:

    E, nas pouquíssimas (uma pena) viagens pro interior do Brasil, vejo o mato verdinho, gentes que falam manso e trocam impressões sobre a vida e o Brasil de forma íntegra e respeitosa. Nessas horas, fico com uma certa vergonha de ser paulistana. Adorei o perfil! :)

    1. Mayra Fonseca disse:

      Independente de qual seja, a gente acredita que é super importante conseguir ver beleza e legado em nossa origem e caminho. Tente ver São Paulo com esses olhos, há muito que não conhecemos e que também podemos aprender por lá.

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