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Encantados

Matinta Perera por Amanda Pinho

 

Encantados: algo que vive no seu imaginário desde a infância, que talvez passe a fazer algum sentindo na juventude e que te acompanha a vida inteira.

 

Se você vem do Norte, é muito provável que você conheça ao menos uma Matinta. Eu mesma conheço várias. De tão plural, me vi sem saber por onde começar a falar sobre essa Encantada.

 

Veja bem: Matinta é uma velha que vive nas matas da Floresta Amazônica a pedir tabaco e cachaça; é também um pássaro agourento, conhecido por “rasga-mortalha”; é, ainda, um ser que pode lançar um feitiço sobre quem não lhe entregue tais oferendas.

 

Ela também é filme, pesquisa de doutorado e espetáculo de dança.

 

Em 2010, Fernando Segtowick escreveu e dirigiu um curta chamado Matinta. Como ele mesmo diz no making of do filme, “todo mundo tem alguma historia de Matinta na família”. A da família dele foi recontada, reescrita, editada, e estrelada por Dira Paes. 

 

 

Já o professor Jaime Amaral, do curso de dança da Universidade Federal do Pará, desenvolveu sua tese de doutorado em cima da história dessa encantada. A pesquisa culminou com a elaboração do espetáculo Matintas, apresentado em 2012 em Belém.

 

iere matinta

 

Matinta por Jaime Amaral: É um mito amazônico que se refere a uma velha senhora feia, vestida de preto com saia longa, cachimbo e tabaco nas mãos, que quando jovem e bela foi abandonada pelo seu amado antes de casar. Contam os caboclos da região que, na hora do encanto, essa velha senhora começa a virar cambalhotas com uma lamparina na cabeça, mantendo acesa a chama até que ela se transforme em duende, uma entidade fantástica ou espírito sobrenatural que se acredita aparecer de noite nas casas das pessoas, fazendo travessuras. A Matinta Pereira assombra as pessoas com o seu assobio perturbador – “Fit, fit, fiiiiiiiii”, o qual imita o som de um pássaro agourento chamado também de Matinta.

 

Matinta por Amanda Pinho: Nascida e criada em Belém, cursou Jornalismo na UFPA e fez uma parte da graduação na University of Western Australia. Foi só lá, do outro lado do mundo, que estudou Comunicação Intercultural e que se apaixonou por tantos outros Brasis, até então desconhecidos.

 

(Imagem do aquivo pessoal do professor Jaime Amaral.)

 

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