Maracatu por Mayra Fonseca
Maracatu: substantivo que nasceu menino e hoje é o que bem quer. O ritmo do coração do pernambucano que bate solto e orquestrado na Zona da Mata, Rural, que vira compasso organizado e com alfaia na cidade, Nação; aquilo que é verbo, maracatucar, quando é preciso fugir para não ser reprimido; o encontro da Jurema com o Afro, sagrados; ofício de quem trabalha duro para fazer um desfile; desenho feito com as pedrarias e estampas coloridas do armarinho; o brinquedo preferido do maracatuzeiro; brincadeira que é assunto sério para Mestres, Damas do Paço, Calungas e Caboclos de Lança; terra de reis e rainhas negros, caboclos ou indígenas… e eles são mesmo os líderes no cotidiano; piaba, leão, cambinda, coração, estrela e outros nomes bonitos que foram encontrados na natureza; arretado quando é lindo de se ver passar; mal ensaiado quando algo sai do compasso; exagero quando alguém se arruma demais; catimbó que faz Brasil sentir Pernambuco no peito; sinônimo de resistência.
(Foram dias entrevistando especialistas, observando ensaios, visitando galpões, conversando com Mestres, conhecendo Cambindas. Esses são trechos do que vi e ouvi em Recife e na Zona da Mata de Pernambuco, enquanto pesquisava Maracatu de Baque Virado e Maracatu de Baque Solto. São cenas que compõem a minha principal vivência do baque, são melodias que, desde então, minha memória repete em compasso.)
Maracatu por Mayra Fonseca: de Montes Claros, Minas Gerais, é iniciadora do Brasis, pesquisadora cultural e comportamental, apaixonada por regionalismo e linguagem.
(Foto por Suann Medeiros.)
_OndeNazaré da Mata, Olinda, PE, Recife